sexta-feira, janeiro 09, 2009

O homem mais poderoso do mundo

Ele tinha o poder de colocar nos trilhos certos trens de passageiros ou de cargas compridos que nem grande cobra serpenteando margens de rios e montanhas. Andava de uniforme que lhe conferia autoridade, lanternas e umas ferramentas especiais. E para mim, criança, o mais interessante é que ele cumpria sua tarefa quase sempre quando os trens ainda estavam longe, seguindo ordens de alguém muito importante também naqueles tempos, o telegrafista.

Quando o trem apitava na curva, expressão que em Ouro Fino era literal, ele voltava pro seu posto na Estação. A casinha da foto, o abrigava nos dias de chuva. Não existe mais, assim como os trilhos. Só mesmo a Estação. Esta foto, tirada em 1970, quando havia ainda algum movimento de trens, é para lembrar do tempo que eles determinavam as horas das refeições, dos casamentos e até dos enterros.

Tudo acontecia antes ou depois de suas demoradas manobras na Estação que praticamente divide a cidade mais antiga, a que fica morro acima, da parte mais plana (claro até encontrar outro morro!) com suas ruas e a avenida já caminho de sítios e fazendas. Quase sempre eram vários trens a chegar e a partir, de carga ou de passageiros. Nossa diversão era acompanhar engates e desengates de vagões e locomotivas, a alimentação das fornalhas (sim! eram Maria Fumaças) e também dar adeus aos que iam até que cabeças, braços e lenços desaparecessem depois da primeira curva.

Saiba mais

Guarda-chaves - Empregado ferroviário encarregado de manobrar e vigiar as chaves dos desvios nos entroncamentos das linhas.

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