quinta-feira, junho 26, 2008

Livros - A propósito do post anterior e também levando-se em conta o noticiário emocionado sobre Dona Ruth Cardoso...

Rilke at Muzot (Fall of 1923)

Talvez - quem sabe? - tudo seja regido por uma enorme maternidade, uma paixão comum. A formosura da virgem, desse ser que, na sua sua bonita expressão "ainda nada concedeu", é feita a um tempo da intuição, do desejo e do temor da maternidade. A beleza da mulher, quando é mãe, é feita da maternidade que serve; e, quando a decripitude chega, dessa grande lembrança que vive nela. O homem, acredito, também é maternidade, física e moralmente. Criar para ele é uma maneira de conceber. Os sexos estão mais próximos do que se pensa e talvez esta a chave da grande renovação do universo: o homem e mulher, libertos de todos os seus erros, de todas as suas dificuldades, não tornarão a procurar-se como contrários, mas como irmãos e como parentes. Unirão as suas humanidades para suportar juntos, gravemente, pacientemente, o peso da carne difícil que lhes foi propiciada.

Trecho de Cartas a um Jovem Poeta
Rainer Maria Rilke

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