Eu havia saído de Paris, onde estava em férias, na casa de uma amiga que trabalhava na delegação do Brasil, na Unesco, para encontrar Pedro em Heathrow. Ele vinha do sol da meia-noite, uma viagem meio a trabalho, meio a turismo.
No mesmo horário previsto para o avião de Estocolmo, aterrissaram dois outros vindos do Paquistão. Umas mil pessoas nas filas de migração. O desembarque virou uma novela sem previsão de término. Num dos voos, vinha um líder muçulmano. Seus seguidores estenderam tapetes num dos saguões da ala de desembarque. Fizeram e beberam chá, cantaram, rezaram. Gritaria de crianças correndo em volta sem que pais ou mães se abalassem. Alguém imagina isso acontecendo, nesta segunda década do século 21?
Enfim, Pedro aparece com uma mala enorme. Em viagens tão pro norte da Europa é preciso também roupas de frio, mesmo em pleno verão. Não parecia se importar com os imprevistos da chegada. Pegamos, primeiro o metrô até Victoria Station e depois um taxi. Nosso hotelzinho ficava em Bayswater, lugar do meu coração, naqueles tempos, em Londres.
Os palacetes brancos do bairro, adornados de colunatas lisas, vinham transformando-se, desde a década de 70, muitos ainda bem antes, em prédios de pequenos apartamentos ou locais de hospedagem barata. Gente de todas as nacionalidades pelas ruas, comércio 24 horas.
A rua do hotelzinho, dependendo de onde se vinha, começava ou terminava no Hyde Park. À direita, o Kensington Palace, onde Lady Diana não mora mais. À esquerda a Serpentine, o Marble Arche. Atravessa-se o parque, na vertical, e logo se encontra o Albert Memorial e o Albert Hall, onde em dezembro o Messias de Handel sempre está cartaz.
A rua do hotelzinho, dependendo de onde se vinha, começava ou terminava no Hyde Park. À direita, o Kensington Palace, onde Lady Diana não mora mais. À esquerda a Serpentine, o Marble Arche. Atravessa-se o parque, na vertical, e logo se encontra o Albert Memorial e o Albert Hall, onde em dezembro o Messias de Handel sempre está cartaz.
Estávamos em Londres e a Copa do Mundo de 1986 rolava no México. No dia que o Zico perdeu o pênalti no jogo contra a França, não havia o que deixasse Pedro menos infeliz. Logo depois da tragédia, deixamos o pub onde estávamos só nós dois torcendo pelo Brasil e saímos a esmo pela cidade. Até os mendigos resolveram nos azucrinar. Um deles achou pouca a esmola que demos e começou a nos xingar aos gritos.
Ficamos apenas um dia em Bayswater. Desistimos, depois de passar uma noite com gente trançando, em frente à nossa janela sem cortinas. A varanda era comum a vários quartos. Na pressa, esquecemos várias coisas que, dois dias depois, ao procurá-las, encontramos do jeito que deixamos nas gavetas. Mudamos para um hotel bem melhor, na Euston Square, perto do Museu Britânico e da Universidade de Londres.
Tenho foto com Picasso no Museu de Cera da Madame Thussaud e com minhas amigas conchas do mar no Museu Britânico. Esta aqui eu gosto muito: há sol na Trafalgar Square e estou sentada à beira da fonte, Lord Nelson lá em cima e um zepelin no céu. Ao fundo, a National Gallery, a da cadeira abandonada, solitária, de Van Gogh, e das tempestades de Turner.
Felicidade é como a pluma, voa tão leve e tem a vida breve.... precisa que haja vento sem parar. Um ano depois, Pedro cruzava o Atlântico, para viver a lenda da paixão com outra. Mas tenho estas fotos às margens do Tâmisa, nos jardins do Parlamento em companhia das esculturas de Rodin, perto da Catedral de Westminster. Na catedral de São Paulo, onde entramos , por acaso, e nos deparamos um belo concerto no lunch time. Em Londres, daquela vez, aprendi a gostar de cervejas fortes e amargas
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