sexta-feira, fevereiro 03, 2017

Alegremente ou em sóbria tristeza, como é bom viajar!

Lord Byron, o poeta romântico inglês, morto prematuramente em 1824, na Grécia, é só mais um que se encantou com a magia de Sintra, Portugal, quase sempre envolta em neblina. E, como nenhum, eternizou seu encantamento em versos:

"Eis que em vários labirintos de montes e vales 
surge o glorioso Eden de Sintra. 
Ai de mim! Que pena ou que pincel 
logrará jamais dizer a metade sequer 
das belezas destas vistas?"

Em carta ao ao amigo e confidente, Mr. Hogson, de julho de 1809, o poeta, a caminho de Gilbatrar,  de onde seguiria até Bizâncio, disse que  "a vila de Sintra é talvez a mais bela do mundo". 

"Sinto-me muito feliz aqui, porque adoro laranjas, e falo um latim macarrónico com os monges, que o compreendem, uma vez que é como o deles, - e frequento a sociedade, e nado ao longo do Tejo, e monto em burros ou mulas, e digo palavrões em Português, e sou mordido pelos mosquitos. Mas quê? Aqueles que efectuam digressões não devem esperar conforto."

"Adoro laranjas!, diz o romântico Byron. E eu não consigo deixar de descascar uma, mesmo que apenas mentalmente, toda vez que me deparo com este trecho da carta. De sentir o perfume da casca ferida, o líquido agridoce escorrendo-me pela garganta. Goethe também amava as laranjas e os limões do sul da Itália. 

Quão alegremente vivemos sendo viajantes! - se tivermos comida e vestuário. Mas, em sóbria tristeza, qualquer coisa é melhor do que Inglaterra e eu estou infinitamente divertido com a minha peregrinação, até ao momento, prossegue Byron, na carta, certamente feliz por andar mais só do que acompanhado em suas andanças.Companhias, mesmo as mui amadas, são, de repente, fardos. 

Hans Christian Andersen, o dos tristes contos infantis, também encantou-se por Sintra. Ele que viveu em Portugal de 06 de maio a 14 de agosto de 1866, passou, antes de retornar, uma semana na cidade, hospedado por um grande amigo.

"Diz-se que todo o estrangeiro poderá encontrar em Sintra um pedaço da sua pátria. Eu descobri aí a Dinamarca. Mas julguei reencontrar muitos pedaços queridos de outras belas terras. Ao Palácio da Vila falta inteiramente beleza com as duas chaminés acopuladas que mais parecem garrafas de champanhe. Mas diferente, mais belo e pitoresco é o palácio de Verão de D. Fernando. Todo o caminho da serra é um jardim, onde a natureza e arte maravilhosamente se combinam, o mais belo passeio que se pode imaginar".

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