sábado, setembro 05, 2015

Noruega, aguerrida na defesa de seu território

Imagine um país de apenas 385.179 quilômetros quadrados, incluindo o arquipélago de Svalbarg, já no Ártico, e a ilha desabitada de Jan Mayen, já na fronteira com o Mar da Groelândia, e uma população de 5 milhões de habitantes. Agora imagine que, parte deste território é integrado por nada menos que 150 mil ilhas. Um país assim pequeno e tão extenso em comprimento! Tem 2.542 Km de fronteira: 1.619 km com a Suécia, da qual se libertou politicamente apenas no início do século passado; 727 km com a Finlândia e outros 196 km com a Rússia, vizinho gigante e ciclotimico, dado a mudanças políticas e econômicas radicais pelos séculos afora e a trapacear no jogo internacional dos acordos.
Tive o privilégio de um café da manhã/entrevista com Kjerstin Askhol, durante visita à Oslo e Tromso em 2013, a convite da embaixada da Noruega em Brasília
Esta é a valorosa Noruega. Rica em petróleo de águas profundas, que começou a explorar tardiamente, a partir dos anos 1970. Rica em recursos marinhos, agora também dá as cartas em inovação e tecnologia. O dinheiro acumulado em caixa advindo da exploração do petróleo não tem como ser aplicado internamente. A economia explodiria. Então, financia a Previdência Social, investimentos ambientais e responsáveis socialmente em todos os continentes, além da costura firme e decisiva de parcerias que aumentam, cada vez mais, a inserção do país na economia global.
A Noruega cresce para fora, aliando-se não só com megaempresas como a Petrobras, mas também com toda a sua rede de fornecedores, micro, pequenas e médias empresas. Como? Exportando conhecimento e tecnologia que vai desde a estrutura de plataformas, monitoramento da qualidade da água do mar onde o petróleo é explorado, até em soluções de prevenção e de controle de desastres ambientais como incêndios e derramamento de óleo.
Mas é na defesa dos tratados que garantam sua integridade territorial, a saúde de seu mar é que a Noruega mostra-se aguerrida e que tamanho não é documento. O problema não é só manter a política de boa vizinhança com quem faz fronteira. As mudanças climáticas ampliaram o período de degelo e, consequentemente, o fluxo de navios na região que se transformou, nos últimos anos, em importante rota para o Pacífico.

Kjerstin Askholt, durante café/entrevista, em 2013
Navios chineses de grande calado e carregados de materiais poluentes aumentaram a frequência na região. E, para cuidar do que lhe cabe no Ártico, a Noruega precisa estar em permanente negociação com vários gigantes. Além da Rússia, também a China, Estados Unidos e Canadá.
O arquipélago de Svalbard é, dessa forma, estratégico para a Noruega. Tão importante que é administrado desde Oslo pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, que conta com o Departamento para Assuntos Polares (a Noruega também tem um olho na Antártida) e foi chefiado por Kjerstin Askholt, até maio deste Ela mantinha um trio de ursos polares em vidro na sua mesa e um casal de pinguins na mureta da janela do escritório. Os noruegueses fazem questão de ressaltar a presença histórica que tem na Antártida. Askhol deixou o departamento ao ser nomeada governadora de Svalbard para o período de 2015-2018.
"Nosso trabalho permanente é o de fazer valer o Tratado de Spitsbergen, de 1920, que reconheceu Svalbard como território norueguês. O tratado tem hoje mais de 40 signatários, entre eles Estados Unidos, Canadá, França e reino Unido. Temos por compromisso o de manter a paz na região, implementar políticas de preservação da vida selvagem e o de garantir as boas condições de vida das comunidades norueguesas que vivem nas ilhas", afirma Kjerstin. Antes do tratado, devido à exploração do carvão, a população russa suplantava a de noruegueses.
Svalbar é plataforma norueguesa e internacional de educação, pesquisa e aquisição de conhecimento indispensável ao futuro da humanidade, incluindo na área de curas de doenças. Por isso, a presença do país no arquipélago é cada vez mais forte. "Entre outras coisas, nós, noruegueses, queremos provar ao mundo que temos excelência no manejo da vida selvagem e estamos tendo sucesso nisso", afirma, Kjerstin, com convicção.

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