Chegar de trem, de ônibus, de carro, de avião. Apenas chegar. Sempre teremos boas histórias pra contar e imagens que não se desbotarão da nossa memória. Nunca me esquecerei das minhas chegadas de trem a Ouro Fino, Minas Gerais, quando criança, para visitas aos meus avós, tios e primos. Eram apenas 15 quilômetros da pequena estação do bairro rural de Francisco Sá até a cidade. Mas o caminho era repleto de belezas em movimentos: árvores coloridas, vacas com seus bezerros e alguém cavalgando lá longe.
E chegar de Vaporetto à Piazza San Marco, em Veneza? Ou sobrevoar Nova York à noite, vindo de Washington, e pousar no La Guardia? E também chegar de trem à Milão, naquela estação monumental, verdadeira obra de arte? Tantas idas e vindas! Mesmo assim, a chegada a Oslo de navio fez meu coração bater mais forte. Dormir em mar aberto e vê-lo, pela manhã, se afunilando, tomando a forma de um grande rio de vários braços, casarios coloridos nas margens, faróis em pequenas ilhas foi alegria em estado puro.Monumento translúcido que lembra um iceberg, em frente à Ópera de Oslo |
- Bom dia! Já estamos na Noruega, disse Eduardo, companheiro de viagem, ao me encontrar em direção ao restaurante para o café da manhã.
Bem, se já estamos na Noruega,o café pode ficar pra depois. Ver do convés do navio a paisagem em plano geral é o que interessa. Muito melhor do que o recorte oferecido pelas janelas envidraçadas do restaurante. Nada de visões laterais, nesse momento. Quero visão de 360 graus, mesmo que vente forte e faça frio lá fora
O Oslofjord não é exatamente um fiorde no sentido geológico, resultado do embate perpétuo do vento e das marés nas rochas, revelando ilhas e escavando montanhas continente a dentro. É, na verdade, uma baía, no sudeste da Noruega, que se estende a partir de uma linha imaginária entre os faróis de Torbjørnskjær e Færder.
Toda a população em torno do Oslofjord é de cerca de 1,8 milhão. Deste total, 700 mil estão em Oslo. Cada uma das 40 ilhas na parte mais interna do fiorde tem sua própria identidade e história. Hovedøya é a mais famosa pelas ruínas do mosteiro; Nakholmen, Bleikøya e Lindoya por seus chalés confortáveis à beira da água; Langøyene pelas possibilidades de camping e praia agradável. Hovedøya ou Hovedøen tem apenas 800 metros de diâmetro. É muito visitada pela sua natureza exuberante e verde, grande variedade de árvores, arbustos e flores e também pelas ruínas de um mosteiro medieval.
O mosteiro de Hovedøya foi fundado em 18 de maio de 1147 por monges trapistas da Abadia Kirkstead, Inglaterra, e foi dedicado à Virgem Maria e São Edmund. Durante o período medieval, o mosteiro foi uma das mais ricas instituições Noruega , tendo sob controle 400 propriedades, incluindo as que exploravam a pesca, além de estaleiros. Turbulências políticas,no século XVI, durante a sucessão ao trono da Dinamarca-Noruega, acabaram com mosteiro. Em 1532 o abade, que estava do lado derrotado, foi preso, o mosteiro saqueado e incendiado. Qualquer esperança de restauração do mosteiro e de seu poderio econômico foi completamente abandonada com o advento da Reforma de Lutero que se instalou na Dinamarca e Noruega.
No verão, há barcos e navios de todos os tamanhos navegando pelo fiorde de Oslo. É possível andar de caiaque, praticar canoagem, pescar e velejar. Há um grande número de atividades para adultos e crianças. E é possível ir de uma ilha a outra por um sistema eficiente de balsas. Oslo concentra na orla, ao longo da baía, bairros elegantes e principais pontos turísticos: museus, fortalezas, além de restaurantes e cafés de onde se pode avistar o movimento de transatlânticos, cargueiros, iates e barcos de todos os tamanhos.
A cidade é o pote de ouro que encontramos depois de percorrer o extenso fiorde com 100 Km de comprimento e 200 m de profundidade. Oslo é a sede do Governo e o principal centro comercial, financeiro, industrial e cultural da Noruega. Possui inúmeros museus, parques e uma quantidade imensa de estátuas, esculturas e fontes espalhadas por suas ruas, praças e calçadões, que chamam a atenção do visitante pela quantidade, beleza e também pelo inusitado de suas formas.
Publicado em 09/08/2015, no Blog do Matheus Leitão (G1)
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