quinta-feira, julho 09, 2009

Só na preguiça...

Minha mãe só começou a trocar a banha de porco por óleo de soja quando morávamos em Taguatinga, em 1965. Aqui, aproveitando o sistema de saúde gratuito e acessível, ela habituou-se a levar meus irmãos pequenos para acompanhamento médico periódico. E sempre voltava para casa com dicas de alimentação saudável.

Numa das consultas, o médico ao ser informado sobre problemas cardíacos na família, sugeriu, que minha mãe substituísse a banha por óleo de soja. Para mim foi uma benção. Nunca mais tive problemas com comida, principalmente às segundas-feiras, decorrentes das orgias alimentares do domingo.

Para minha avó materna, Ina, essa troca foi um suplício. Não via perfume, nem sabor na comida. "Insossa... sem graça", dizia. Vó Quinha, mãe de meu pai, nunca se sujeitou a tal substituição, segundo ela sem sentido. Afinal, a mãe dela, nossa bisavó Mariana, morreu aos cem anos comendo carne ou lingüiça de porco  quase todos os dias. E, fumando cigarro de palha. Falava-se então, da quantidade, não da qualidade dos anos vividos.

Naqueles tempos, era natural que pessoas longevas morressem esclerosadas ou como se dizia, caducas. Também era normal que fossem cegas pelo diabetes ou passassem o dia todo sentadas ou na cama, incapazes de se locomoverem sozinhos. Como tudo mudou! Conheço pessoas passadas dos 90 com qualidade de vida excepcional tanto física como mental. Senhores e senhoras virando os oitenta estão na praia. Caminham. Viajam e, principalmente, cuidam do que comem.

Meu avô José, o que adorava torresmos todos os dias, morreu de ataque cardíaco fulminante, aos 42 anos. Mas não foi o coração que matou minha mãe aos 50. Nem meu pai aos 69 anos. Eu e meus irmãos adoramos torresmos, pernil, costelinhas de porco. E comemos tudo isso mais do que devíamos. Mas, todos nós convivemos com sobrepeso, decorrente principalmente do sedentarismo. Com toda a informação disponível, teimamos em não nos cuidar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário