A linda Nossa Senhora Sem Rosto, inscrita para sempre, espero, no interior da pequena capela da 108 Sul, a Igrejinha - aquela desenhada por Niemeyer como se fosse um grande e branco chapéu de freira - levita num céu de precioso azul, iluminado por mil estrelinhas cintilantes. Sob os pés, florezinhas, dessas vadias, que crescem sem cuidados neste mundão de Deus. As mesmas florezinhas coroam essa Nossa Senhora que trás nas mãos um rosário estilizado em forma de pipa. As contas de desfiar preces são carretéis, desses que carregam os fios que permitem às pipas o vôo em dias de vento.
Francisco de Fátima Galeno, nascido em Parnaíba, Piauí, em 13 de maio 1957, ex-funcionário do Banco Central, é um dos grandes artistas de Brasília. E o que pinta são memórias da infância. Foi escolhido para pintar as paredes internas da Igrejinha, antes adornada por afrescos de Volpi que o tempo e o descaso destruíram. O trabalho foi acompanhado passo a passo por beatos e beatas, além de críticos dos mais ortodoxos, que acharam escandalosa e desrespeitosa a ousadia do artista exaltar entre tantos nomes de Nossa Senhora, uma simplesmente Sem Rosto. Esses não enxergam, na pintura, a Nossa Senhora de Fátima em honra de quem a igrejinha foi erguida.
Francisco de Fátima Galeno, nascido em Parnaíba, Piauí, em 13 de maio 1957, ex-funcionário do Banco Central, é um dos grandes artistas de Brasília. E o que pinta são memórias da infância. Foi escolhido para pintar as paredes internas da Igrejinha, antes adornada por afrescos de Volpi que o tempo e o descaso destruíram. O trabalho foi acompanhado passo a passo por beatos e beatas, além de críticos dos mais ortodoxos, que acharam escandalosa e desrespeitosa a ousadia do artista exaltar entre tantos nomes de Nossa Senhora, uma simplesmente Sem Rosto. Esses não enxergam, na pintura, a Nossa Senhora de Fátima em honra de quem a igrejinha foi erguida.
Eu vejo na pipa, além do terço, a infância. Nossa Senhora de Fátima, segundo quem acredita, apareceu as três pequenos pastores, em Portugal. A pipa é a alegria das crianças, nas mãos da Mãe de Jesus, para quem a maternidade foi Graça, não fardo. O trabalho de Galeno emociona-me sempre. Há mais de duas décadas conheço o trabalho dele e o admiro. Agora, tem também minha reverência. Certamente, nosso artista, que mora e tem ateliê em Brazlândia, Distrito Federal, honra todo o trem das cores do mestre Volpi e soube traduzi-las em puro encantamento nas paredes da Igrejinha.
Além da pintura sem rosto, há uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, no altar. Mas melhor e mais lindo teria sido colocá-la tendo por fundo apenas o céu azul estrelado da parede. Não, justapondo-se à obra do artista. As pinturas de Galeno dispensam a imagem. Mas, certamente, senhoras piedosas, que ali rezam o terço diário, não aceitariam. Cadeiras empilhadas e recostadas nas paredes podem causar danos às pinturas que também tomam contam das paredes laterais. Não seria o caso de deixar a Igrejinha apenas como um local de meditação, de orações pessoais? As cadeiras não fixas poderiam, assim, ser tiradas dali. Não faltam igrejas para celebração de missas, casamentos e batizados, em Brasília.
Publicado no Blog do Matheus Leitão (G1) em 19/09/2015
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