Quando éramos crianças raramente ou quase nunca nos levavam ao médico. Tudo era curado em casa, lentamente a poder de chás, cama, resguardo da friagem, e reza. Lembro-me, uma vez fomos levados ao Posto de Saúde pra tomar vacima contra tuberculose.
Passei os primeiros anos de minha vida no interior de Minas e tivemos sorte porque não fomos vacinados contra paralisia infantil, nem contra sarampo, rubéola, varicela, catapora. Aliás, exceto meningite e pólio, éramos expostos às demais doenças, consideradas fraquinhas. A idéia era de que quanto mais cedo a tivéssemos, melhor. Como? Por contágio. Se uma criança da vizinhança ficava doente, não era tirada de perto de nós para garantir o efeito dominó. Santa ignorãncia!
O sarampo que tive lesionou meus olhos e ouvidos e lido com estas sequela até hoje. Tive também paralisia facial, aos seis meses, depois de uma semana de febre tratada, acreditem vocês, a compressas quentes. Calor combatido com mais calor. Quando comecei a ter convulsões chamaram um médico que me desenganou, como se dizia antigamente. Também fui desengada por um segundo médico. Paciente nas últimas eram desenganados pelos médicos, que lavavam as mãos. Eram, então, embalados em rezas. Os mais fortes negavam a sentença e passavam a ser vistos como resultados de milagres.
Eu sou a prova viva de uma mudança radical de crenças. Quando o terceiro médico chegou para o veredicto final, decretou:
- Agora que vocês cozinharam a criança com emplastos e compressas quentes, me arranjem uma bacia de água fria. Preciso tirar dela todo este calor!!!
Houve uma rebelião familiar. Fazia uma semana que eu não estava exposta a qualquer friagem! Mas a rebelião durou pouco. Afinal eu era um caso perdido mesmo! Estaria morta em questão de horas. Não respondia a estímulos. Parecia desmaiada o tempo todo!
Trouxeram a tal da bacia com água fria, onde fui mergulhada e trazida novamente à vida da qual me perdia. Pela primeira vez em dias, abri os olhos.
- E agora doutor! Que fazemos, perguntou minha avó, cansada de rezar.
- Continuem com compressas frias. Na testa, na nuca, nos pulsos , nos pés.
E assim, parentes se revezaram à cabeceira do meu ex-leito de morte. A manhã ainda não se acabara e eu já me mexia e reconhecia as pessoas. Eu tinha seis meses e era um bebê mimoso. Minha doença nunca foi diagnosticada de fato e me deixou como sequela uma flacidez no lado esquerdo do rosto. Ninguém me levou a um especialista. Fisioterapeuta era palavra que não existia no vocabulário familiar. Nem neurologista. No máximo clinico geral.
No exame médico obrigatório para entrada na Universidade de Brasília, um médico boliviano se interessou pelo caso. Disse que eu voltasse em uma semana. Voltei. Pesquisas indicaram que eu tive um caso raro de paralisia infantil.
O que faz a foto da Dra. Zilda Arns aqui neste post? Já respondo. A diferença entre a vida e a morte de crianças depende de soluções simples: aleitamento materno, água fervida e, em caso de desidratação, o milagroso soro caseiro.
Nossa amada médica mudou paradigmas no tratamento de crianças de tenra idade. Como no meu caso, depois do milagre que salvou minha vida. Ninguém mais, na família e nas redondezas pelo menos,tratou febre altíssima com mais calor. Crianças deixaram de ser cozidas por emplastos e compressas. A outra mudança radical foi a carteirinha de vacinação. Sarampo, varicela, catapora são doenças serísssimas que deixam sequelas. Requerem prevenção.
Passei os primeiros anos de minha vida no interior de Minas e tivemos sorte porque não fomos vacinados contra paralisia infantil, nem contra sarampo, rubéola, varicela, catapora. Aliás, exceto meningite e pólio, éramos expostos às demais doenças, consideradas fraquinhas. A idéia era de que quanto mais cedo a tivéssemos, melhor. Como? Por contágio. Se uma criança da vizinhança ficava doente, não era tirada de perto de nós para garantir o efeito dominó. Santa ignorãncia!
O sarampo que tive lesionou meus olhos e ouvidos e lido com estas sequela até hoje. Tive também paralisia facial, aos seis meses, depois de uma semana de febre tratada, acreditem vocês, a compressas quentes. Calor combatido com mais calor. Quando comecei a ter convulsões chamaram um médico que me desenganou, como se dizia antigamente. Também fui desengada por um segundo médico. Paciente nas últimas eram desenganados pelos médicos, que lavavam as mãos. Eram, então, embalados em rezas. Os mais fortes negavam a sentença e passavam a ser vistos como resultados de milagres.
Eu sou a prova viva de uma mudança radical de crenças. Quando o terceiro médico chegou para o veredicto final, decretou:
- Agora que vocês cozinharam a criança com emplastos e compressas quentes, me arranjem uma bacia de água fria. Preciso tirar dela todo este calor!!!
Houve uma rebelião familiar. Fazia uma semana que eu não estava exposta a qualquer friagem! Mas a rebelião durou pouco. Afinal eu era um caso perdido mesmo! Estaria morta em questão de horas. Não respondia a estímulos. Parecia desmaiada o tempo todo!
Trouxeram a tal da bacia com água fria, onde fui mergulhada e trazida novamente à vida da qual me perdia. Pela primeira vez em dias, abri os olhos.
- E agora doutor! Que fazemos, perguntou minha avó, cansada de rezar.
- Continuem com compressas frias. Na testa, na nuca, nos pulsos , nos pés.
E assim, parentes se revezaram à cabeceira do meu ex-leito de morte. A manhã ainda não se acabara e eu já me mexia e reconhecia as pessoas. Eu tinha seis meses e era um bebê mimoso. Minha doença nunca foi diagnosticada de fato e me deixou como sequela uma flacidez no lado esquerdo do rosto. Ninguém me levou a um especialista. Fisioterapeuta era palavra que não existia no vocabulário familiar. Nem neurologista. No máximo clinico geral.
No exame médico obrigatório para entrada na Universidade de Brasília, um médico boliviano se interessou pelo caso. Disse que eu voltasse em uma semana. Voltei. Pesquisas indicaram que eu tive um caso raro de paralisia infantil.
O que faz a foto da Dra. Zilda Arns aqui neste post? Já respondo. A diferença entre a vida e a morte de crianças depende de soluções simples: aleitamento materno, água fervida e, em caso de desidratação, o milagroso soro caseiro.
Nossa amada médica mudou paradigmas no tratamento de crianças de tenra idade. Como no meu caso, depois do milagre que salvou minha vida. Ninguém mais, na família e nas redondezas pelo menos,tratou febre altíssima com mais calor. Crianças deixaram de ser cozidas por emplastos e compressas. A outra mudança radical foi a carteirinha de vacinação. Sarampo, varicela, catapora são doenças serísssimas que deixam sequelas. Requerem prevenção.
Isso mesmo, Clara, passamos por essas situações de "cuidados" médicos caseiros que a cultura e condições da época nos tratou. Tive um primo, Joãozinho, filho de um irmão de minha mãe que, ao nascer, não chorou, não deu sinal de vida echamaram um médico que colocava-o na água fria e depois da água quente. Resultado: esse choque fez com ele ficasse paralítico até os 35 anos de idade quando veio a falecer. Durante esse tempo, ele "viveu" muito deformado, feio, mas eu gostava dele, ele me reconhecia e sorria para mim. Fiquei triste e feliz quando ele deixou essa vida, eu já estava em Brasília.
ResponderExcluirLembro-me do dia em que meu filho, hoje com 11 anos, estava tendo convulsões e o médico do PS o colocou embaixo de uma torneira de água fria e ele melhorou. Há menos de 2 meses sugeri que uma amiga fizesse isso com o bebê dela que estava febril e ela me disse que o pediatra -veja bem- disse que o ideal era não dar banho na criança de jeito nenhum. Fiquei sem acreditar. Mas é isso mesmo, a ignorância de coisas simples assim segue.
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