quinta-feira, julho 16, 2009

Xícara azulzinha

Meu amor está comigo. Nunca foi embora. Sonhei. Foi assim: abri o armário do quarto e nossas roupas estavam ali no maior rela-rela. Fui pra cozinha e à mesa, junto da minha xícara havia outra de café já tomado. Farelos de pão na toalha, no ladrilho.

Andei pela casa e fui encontrando um livro aberto aqui, uma revista fora do lugar ali. Cheguei à varanda e lá estava ele, no jardim, descalço, de jeans desbotado, camiseta pedindo outra de tão velha. Lá estava ele a brincar com os cachorros.

Havia sol e as flores de sempre.
Tanto tempo se passou, dez anos, mais de dez, e ele não envelhecera. Estava igual quando disse que me amava, mas que me deixaria.

No sonho, parecia que o sonho era eu ter ido embora. Ter ido embora por tanto tempo e voltado. E ele ali a me esperar descalço, de jeans desbotado, camiseta pedindo outra de tão velha. Quando acordei meu coração doeu. Depois já não era o coração, era a cabeça. Levantei-me e fui ver o que a varanda e o jardim me reservavam. Nenhum riso, nem latidos. Na cozinha, prontinho o meu café. O pão para a torrada, a manteiga. A fruteira e a xícara azulzinha. Sozinha.

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