segunda-feira, junho 29, 2009

Rosinhas meninas

Aos cinco anos, a tarefa mais importante de Luciano era ver se algum matinho crescia em volta das rosinhas meninas dos canteiros do pedacinho de céu que o avô havia feito ao lado da casa. Presente para a avó.

Rosinhas meninas, como o nome diz, nunca adolescem, nunca tornam-se moças feitas e nem senhoras respeitáveis. São tão miudinhas e de mínimos botões que qualquer graminha fora de hora e lugar pode escondê-las. E pedacinho de céu é coisa séria. Ervas daninhas ou que escondam a beleza, nem pensar!!!

Luciano diz que no sítio que tem aqui por perto de Brasília tem dessas rosinhas que aprendeu a amar desde tão pequeno. "Rosas meninas, nascem, vivem e morrem meninas. São as princezinhas do Reino das Rosas", diz.

O pai da Leda Flora tem 92 anos e continua lendo e escrevendo todos os dias. É desses senhores de pele de veludo, elegantes, de roupa perfeita e que trazem no bolso da camisa de mangas compridas, é claro, uma caneta, não daquelas vagabundas dessas de hotel, como as que o ex-ministro Pedro Malan usava, só para chatear o Mercadante. O senador se deu mal quando o acusou publicamente de praticar sovinices com uma Mont-Blanc.

Não vi a marca da caneta do pai da Leda. Mas era bonita. Ferramenta de trabalho. Senhores de canetas bonitas falam o português correto, usam sem qualquer pedantismos palavras que já esquecemos. Eu adoro canetas. Meu pai também gostava muito de suas ferramentas de trabalho. Não só canetas, mas também lapiseiras. No meu aniversário do ano passado ganhei uma Parker de presente.

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