
Renatinho foi ao circo
E voltou entusiasmado;
Estava alegre e feliz,
Mas um pouco impressionado.
Gostou muito dos atletas,
Também do malabarista,
Deu vivas ao domador,
Palmas ao equilibrista.
Mas quando a casa chegou,
Depois da grande função,
Foi contar ao papaizinho
Sua nova resolução:
– Quando eu crescer, quero ser
Um palhacinho brejeiro,
Para dar a cambalhota
No centro do picadeiro.
Em: João Bolinha virou gente, de Vicente Guimarães (vovô Felício), Rio de Janeiro, Editora Minerva
Saiba mais
Vicente de Paulo Guimarães, [Vovô Felício] ( Cordisburgo, MG, 1906 – 1981) — Poeta, contista, biógrafo, jornalista, autor de Literatura Infanto-Juvenil (1979), funcionário público, educador, membro da Academia Brasileira de Literatura (1980), prêmio Monteiro Lobato -ABL (1977). Em 1935, Vicente criou em Belo Horizonte a revista “Caretinha”, dedicada a jovens leitores; dois anos depois, foi o responsável pelo suplemento infantil do jornal “O Diário”. Um dos projetos de sucesso foi a revista “Era uma vez”, que começou a circular em 1947. Criou também no mesmo ano a Revista do Sesinho, para divertir e educar as crianças.
Favillinha,
ResponderExcluirNo início dos anos 80, eu tive a oportunidade de trabalhar com um filho do Vovô Felício e sobrinho do Guimarães Rosa. Você sabia que eles eram irmãos? Eu tinha vinte e poucos anos e o Verli Guimarães já era senhor para uns cinquenta e tal. Muito inteligente, texto brilhante. Eu achava graça porque ele dormia nas reuniões...
O sr. Verli, como eu o chamava, foi com a minha cara e conversava muito comigo. Certa vez me trouxe a correspondência do pai dele com o tio. Acho que foram as cartas mais lindas que já li.
Uma, em particular, me chamou atenção. O Guimarães Rosa parabenizava o Vovô Felício pelo nascimento de mais um filho (o Verli, no caso), mas depois o texto tomava outros rumos e acalorava o debate sobre os 'desmandos' da língua portuguesa. Vovô Felício não concordava com o movimento que teve como marco a Semana da Arte Moderna, em 22, e os estilos pouco convencionais e vanguardistas que despontaram nos anos seguintes. Vovô Felício era crítico também do irmão, que defendia a sonoridade da sua linguagem com uma elegância de arrepiar.
Como eu disse, eu tinha vinte e poucos anos e era muito tímida. Fiquei com vergonha de pedir para tirar uma cópia da carta. Ô burrice... Penso que ele teria deixado e hoje eu teria um documento maravilhoso para divulgar nos nossos blogs.
Alguns anos depois soube que o sr. Verli tinha morrido e não faço idéia de quem foi o fiel depositário de tamanha preciosidade. Beijo grande para você, Cândida.
Pois é Cândida,
ResponderExcluirEsta é uma história preciosa.
Eu também tenho meus arrependimentos...
Em 1990 cruzei muitas vezes com Gabriel Garcia Marquez no saguão de um hotel em Cartagena... E sequer cumprimentei-o... e ele estava ali muito acessível com todo mundo.
Outra vez deixei de gravar uma longa conversa do Niemeyer sobre Juscelino e Brasília...
Somos mineiras demais!!!