E sempre havia conversas à meia voz pelos cantos da casa, nas penumbras dos quartos. Queixas, lamúrias e risinhos maliciosos também. E até gargalhadas misteriosas... e nós ali, que nem bobos, não entendendo nada.
Quando jovens somos nós que não queremos papos com os mais velhos. Não temos paciência para as queixas de um e de outro, nem para histórias, mesmos as felizes. Adultos, formamos nossas famílias e nada é mais importante do que acontece bem perto de nós. E os mais velhos estão ali apenas compondo os cenários de nossos dramas pessoais.
E assim começamos a pesquisar o que somos no que fomos para achar explicações que sosseguem nossa alma. Fotos, cartas antigas, cadernos escolares, depoimentos de pessoas mais próximas. Vamos montando lentamente mosaicos incompletos, às vezes indecifráveis do que nos aconteceu, do que aconteceu aos que viveram próximos de nós, em segundo plano, quando estávamos muito preocupados em fazer carreira, em manter ou acabar casamentos, em criar os filhos, em conhecer aquela país e também aquele outro.
E, de repente, apenas um pedacinho, o menor de todos, de cor mutante, indefinida, é capaz de jogar a luz misericordiosa sobre tudo. Não precisamos entender nada. Vivemos. Entramos em cena aos trancos e barrancos, aos berros pela dor de ter que respirar. Mas podemos dela sair sem perturbar a platéia, com nossos pezinhos de lã de quando meninos...
Clara, fico deveras impressionado com a sua produtividade textual, tanto pela qualidade quanto pela quantidade. Este blog está sempre sendo enriquecido por suas palavras singulares. Parabéns, minha flor irlandesa!!!
ResponderExcluirMarcelo, por favor recolha-se!!
ResponderExcluirBoa noite.
Clara, virei visitante assidua de seu blog, sem contar que esparramei seu endereço para muitos primos e sobrinhos.
ResponderExcluirVocê diz as palavras que sentimos sobre muitas coisas.
Obrigada.
Que bom Inah!
ResponderExcluirAinda vamos nos conhecer, tenho certeza.
Beijos