domingo, junho 28, 2020

Brighton - de refúgio de rei beberrão, mulherengo e tolerante religioso à cidade liberal nos costumes



George IV   era príncipe  regente - o pai enlouquecera - quando, em em 1780, visitou Brighton pela primeira vez. Aos 21 anos já sofria de gota e o médico da corte lhe receitara banhos de mar. Imersões em água salgada , um pouco de sol e calor, remédios da época para muitos males. 

Três anos depois anos, comprou uma pequena propriedade  à beira mar e fez dela seu refúgio e de Marie Anne Fitzherbert , sua "esposa secreta", já viúva duas vezes.  Não poderia oficializar união com uma católica.  Além disso, um anos antes desposara, com pompa e circunstância, a alemã Carolina - que também era Amélia e Isabel - de Brunsvique. 

Com a ajuda do arquiteto Henry Holland, George transformou  a pequena hospedaria, no Marien Pavilon . Fascinado pela Oriente, sem jamais ter lá pisado, tratou de entupi-lo móveis, objetos decorativos e  papéis de paredes pintado à mão, vindo da China, e  lustres preciosos.  Entre 1815 e 1822, John Nash, outro arquiteto, redesenhou o exterior  do palácio em estilo indiano e o exótico se incrustou na paisagem da cidade. O rei morreria oitos anos depois de concluída a obra.  

A presença de George e séquito  logo transformam a pequena vila de pescadores. A expansão de Brigthon é reforçada  pela a chegada de burgueses britânicos  ricos ou  famosos por qualquer razão. Também pela presença e residência de  um grande número de aristocratas franceses escapados da guilhotina dos vencedores do 14 de julho. 

Franceses e a flexibilização das leis religiosas permitem, na época,  o reflorescimento do catolicismo romano na região com a construção de centenas de templos.  No de São João Batista, está o túmulo da "esposa secreta" de George, Marie Anne.  A oficial,  Carolina Amélia Isabel foi enterrada em sua cidade natal, na Alemanha. 

Príncipe regente e depois rei vaidoso, extravagante, mulherengo, beberrão, jogador, apaixonado por moda, arte, arquitetura e luxo, mais os franceses tornaram a cidade que crescia adepta de regras mais frouxas nos costumes. No século 19, Brighton já passa a ser conhecida como lugar seguro para gays e  lésbicas. Na década de 1930 aparecem os primeiros pubs para abrigar seus anseios por diversão pública.  Em 2020 superam dez por cento da população.

Em 2004, Banksy grafitou, numa das parede do Pub Prince Albert,  o  icônico beijo de dois policiais e o local  torna-se santuário para seus fãs. Em 2008, o proprietário, com a desculpa de que  estava ou poderia ser vandalizado, conseguiu retirá-lo incólume da parede e vendê-lo por uma fortuna. Uma cópia, idêntica, foi colocada no lugar da original pra quem quiser ainda fotografá-la.  

Apaixonados por fotografia  se deliciam com suas muitas ruas de casas de colorido vivo. Também reluzem no verão e mesmo no inverno as cores dos Bathing Box, cabanas de praia, muitas no passado  usadas para se guardar pequenos barcos e material de pesca.  Hoje  para troca de roupa ou armazenamento de objetos dos banhistas. Estão enfileiradas entre o calçadão e o inicio da faixa de areia de Brighton até Hove.  Há também o colorido dançante, ondulante da  Parada de Orgulho Gay, a maior da Inglaterra. 

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