O neném da mamãe já tem mais de mês, quando o pai chega do Paraná para visitar a família,
Mandou telegrama antes, avisando.
Mal o trem apita na curva e a menina já está na esquina, esperando, com o coração aos pulos. O pai tá mais gordo e de roupa nova.
- Corre aqui e me conta logo: o neném que chegou é menino ou menina?
- Menino.
- Eu sabia, pura enganação a carta que me mandaram. Eu estava mesmo ressabiado, pressenti que me aprontavam. Coisa de quem não tem o que fazer.
Lá está o neném embrulhado no cobertor branquinho. Sapatinhos de lã, amarrados com fitas. Uma mãozinha consegue sair daquele embrulho apertado.
- É pra aprumar a criança, se não enfaixar pode fazer mal para espinha, ajuda segurar pescocinho mole.
Os dedinhos se mexem e pegam o ar. A outra mãozinha também sai pra ficar grudada no rosto.
- Se fosse para tirar retrato não faria tanta pose.
O pai chega e fica, ali no beiral da porta, sem coragem de entrar. A mãe com filhinho no colo, a menina mais nova enroscada que nem gato, nas pernas. A mais velha puxa o pai pra dentro quarto.
- Vem, vem ver o neném da mamãe.
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