Muito se fala da poesia, beleza melancólica, que impregna o casario de Lisboa. Telhados avermelhados ao sol nascente e poente. Grande parte dessa beleza, que se destaca do conjunto, está na arte em ferro batido, o mesmo que forjado, de suas janelas, portas, portões, gradis e pequenas sacadas.
Perceber tal beleza depende de caminhadas sem pressa por ruas e vielas de Lisboa. Muitas delas recolhidas, bem guardadas do fluxo recorrente dos que teimam em permanecer no mais conhecido. Uma dessas ruas é a do Teixeira, vizinha ao Mirante São Pedro Alcântara. Quem a encontra, encanta-se de imediato com sua imensa quietude verdejante.
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A arte em ferro batido realça a azulejaria portuguesa, dando-lhe particular encanto. Dizem que, em Portugal, ela não se rivaliza aos padrões estéticos alcançados na Espanha, França e Itália. Mas é em Portugal que esse tipo de arte decorativa emociona-me mais. Talvez porque não seja apenas um acréscimo à monumentalidade das construções. Realça a simplicidade de casas e sobrados, como colares, anéis e pulseiras fazem percebidas mulheres de vestuário despojado e de pouca volúpia, conferindo-lhes elegante nobreza, altivez.
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Adereços em ferro batido para casas e jardins dão-lhes a necessária segurança sem tirar-lhes a visibilidade interior e exterior. Deixam passar a luz, a aragem, a curiosidade dos passantes e a dos que ali se fecham por cansaço ou desilusão. A maior parte do que se vê em Lisboa ou outras cidades portugueses datam do século 19. Mas os registros, em Portugal, sobre a arte em ferro batido datam do século 15. Atualmente há um grande esforço para documentar o estado em que se encontra e também para o levantamento histórico, em todo o país, das dezenas de fundições que se dedicaram e ainda dedicam-se a esse metiê.
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