sexta-feira, agosto 28, 2015

Vicenza - Renda-se ao encantamento do Giardini Salvi

Falar de espaços públicos em países europeus é falar de famílias dominantes, aristocratas ou não, proprietárias por séculos de  terras e palácios, hoje transformados em parques e jardins. Mesmo florestas destinadas à caça, fazem parte, agora, de áreas preservadas da especulação imobiliária, bem no coração de cidades inglesas ou italianas.

Um dos lugares mais acolhedores de Vicenza, região do Veneto, é certamente o Giardino Salvi, bem no centro histórico. Fontes e belas esculturas dão-lhe especial encanto. Já foi bem maior. Hoje, pequeno, continua aprazível. Ótimo lugar para se  tomar sol, fazer passeios sem pressa, se espreguiçar dando tempo ao tempo, ou ler aboletado em um dos muitos bancos dali. Um de seus limites é marcado pela única torre de vigilância que restou da antiga muralha que protegia a cidade.

O Giardini Salvi  foi inaugurado por um dos senhores de Vicenza,  Leonardo Valmarano, no século 16, mais exatamente em 1592. Mas logo em seguida foi fechado  e reaberto ao público apenas em 1909, quando a área foi comprada da Fundação Salvi, a última família de proprietários privados. Além da torre da antiga muralha, fazem parte dos limites do jardim dois edifícios em  estilo palladiano.


Concebido como um jardim italiano, já foi bem maior porque abrangia toda a esplanada que hoje termina na pequena e confortável estação. Dela partem trens para outras lindas cidades venetas: Verona, Padova e a capital Veneza.  Passa em Vicenza o trem rápido (Frecciargento), que sai de hora em hora ( das seis da manhã às 19 ) de Roma para Veneza.

O último trecho da viagem, que dura no total 3 horas e 45 minutos, é justamente feito a partir de Vicenza, a opção mais barata para quem quer uma base pra conhecer todo o Veneto. Como, mesmo sendo rápido, passa por várias cidades, é considerado (pelo menos por questão de marketing), o mais extenso metropolitano da Itália. Eu mesma fiz com amigos, sem nos arrepender, bate-volta de Roma/Veneza. Os amigos tinham apenas mais um dia disponível e não queriam sair da Itália sem conhecer a mítica cidade de canais e pontes celebradas por poetas, escritores, cineastas e pintores de todas as épocas.



No século 19, o Salvi foi transformado em um jardim de estilo inglês e só adquiriu a atual atmosfera, bastante peculiar, depois da grande reforma de 2008 a 2009.  Além de fontes e  estátuas que homenageiam pessoas importantes de Vicenza  e retratam figuras míticas como Hércules, podem lá ser vistas e admiradas duas logge (plural de loggia), edificações que apresentam pelo menos um lado dotado de galerias abertas ou pórticos. Uma, do século século 18, é a Loggia Longhena, construída por Baldassare Longhena.


A outra, mais antiga,  é a  Loggia Valmarana, de 1591. Tem a estrutura de templo dórico (fachada com seis colunas) e já foi  ponto de encontro de intelectuais e acadêmicos. O projeto é atribuída a um aluno de Andrea Palladio, arquiteto  renascentista que espalhou maravilhosas habitações senhoriais, atualmente Patrimônio da Humanidade,  reconhecido pela Unesco, por todo o Veneto.  As logge são banhadas por uma seriola (em dialeto veneto significa pequeno rio). Na verdade, um canal artificial,  que lhes reflete e duplica a beleza.
Busto do músico e compositor vicentino  Giuseppe Apolloni  (08/04  1822/31/12/1889)
Pelos motivos expostos aqui e por tantos outros que convido vocês a descobrirem sozinhos, vale a pena reservar tempo para uma permanência demorada no Giardino Salvi, principalmente depois de um passeio pelo centro histórico de Vicenza e de visitas às obras-primas de Palladio (Basilica e o Teatro Olímpico),  além de outros belos edifícios mais, ou menos, antigos, além de seus deliciosos, cafés, restaurantes e sorveterias.

 Loggia Valmarana, em estilo palladiano, construída em 1591
Ao fundo, a única torre que restou da antiga muralha que circundava Vicenza

2 comentários:

  1. Não consegui colocar a cidade em nosso último roteiro pela Itália, mas certamente estará no próximo. Lindas imagens, Clara! BjO!!

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  2. Oi querida, obrigada pela leitura. Você vai amar Vicenza e as obras de Plladio no centro histórico e arredores. Além disso, Vicenza tem a maior coleção de ícones fora da Rússia. Aqui: http://www.gallerieditalia.com/it/collezioni/3/13
    Bjs

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